24 agosto, 2005
23 agosto, 2005
Tecnologias: instigar, criar e produzir
As atividades desenvolvidas na disciplina de Prática de Ensino e de Pesquisa Pedagógica II- Estágio Supervisionado em espaços não escolares, do curso de Pedagogia –Séries Iniciais, orientado pela professora Anilda Machado de Souza, apresentam elementos sobre como o uso do computador, no caso específico o HagáQuê, pode favorecer os projetos de pesquisa, a reflexão crítica e a aprendizagem. É resultado do processo de pesquisa docente durante nossa atuação em Prática de Ensino com uma turma de 12 crianças de 3ª e 4ª série do Ensino Fundamental da cidade de Imbé/ RS, que freqüentam a Central de Apoio Pedagógico II. Nessa pesquisa desempenhamos o papel de observadoras participantes para podermos estudar como criar alternativas que possibilitem a construção da autonomia dos sujeitos, favorecendo o processo de autoria de histórias em quadrinhos utilizando novas tecnologia, tentando envolver os alunos na construção de significados em sua aprendizagem.
Aprendizagens e vivências
Ana Paula Lopes dos Santos
No primeiro momento transformei-me numa instigadora de conhecimentos, tentei trabalhar a partir das concepções dos alunos, dialogar com eles, criando a possibilidade de uma intervenção crítica.
Pretendendo garantir uma articulação constante da teoria com a prática, procurei trabalhar com os alunos a partir de seus próprios interesses, proporcionando-os uma atividade diferenciada, como exemplo, uma "bolsa mágica" que conteria várias figuras e objetos para observar detalhes e características. Depois de observar todas as figuras os educandos teriam que escolher algumas figuras ou objetos para escrever um texto.
Esta atividade proporcionou aos educandos memorização, reflexão e socialização, pois todos trocaram entre si o conhecimento que tinham sobre os objetos. Este momento também oportunizou os educandos a possibilidade de desinibição, descontração.
A partir de vários materiais expostos na sala os educandos escolheram os que eram de seu interesse para começar a pesquisa.
Indagamos: - Sobre o que é o seu objeto de interesse, porque quer saber sobre este objeto e para que serve?
Vários temas foram apresentados:
Ligas da justiça, Binóculo, Computador e X-mem.
Nos temas escolhidos houve um envolvimento constante de busca e compreensão, tentando aprofundar ao máximo seus conhecimentos.
Para mim foi muito fascinante ver esses educandos tão envolvidos, pois o conhecimento se dá a partir da interação com o objeto desejado, e isto é o que eles estavam fazendo naquele momento.
No decorrer da pesquisa podemos observar também a troca que houve entre os alunos, já que em um dos momentos o educando "B" pergunta para o educando "C":
- Você esta precisando de ajuda, sei alguma coisa sobre o seu assunto, pois vejo em casa este desenho?
Não só houve uma troca, como também a intenção de ajudar o colega a desenvolver o tema escolhido.
Acredito que o indivíduo que colabora para que o seu colega consiga desenvolver seu trabalho, no futuro será um indivíduo capaz de colaborar com a sociedade que está inserido, capaz de ser um cidadão em busca de melhoria para sua sociedade.
No início das atividades no laboratório de informática os alunos estavam todos entusiasmados e o mais mágico disto tudo é que conseguimos dar oportunidade para um dos alunos que nunca havia estado em contato com o computador.
Para mim só isto já bastava, de poder ver a expressão daquela criança foi muito maravilhoso e com certeza ela nunca irá esquecer deste momento.
Apesar das crianças não terem contato com o computador, aprenderam como utilizar este recurso sem nenhuma dificuldade, manifestando prazer em tudo que faziam.
No laboratório de informática pudemos também observar algumas dificuldades quanto a escrita, a seqüência lógica das histórias em quadrinhos e a dificuldade ao mesmo tempo de lidar com os balões, já que não sabiam qual função cada um.
Muitas vezes a escola não se dá conta de que o uso de novas tecnologias podem ajudar no desenvolvimento de aprendizagem de seus alunos. Tudo isto dá ao professor a chance de se deslumbrar com a produção de seus alunos e de surpreender com a rapidez com que todos aprendem a lidar com a informática.
O uso de novas tecnologias passa a ser mais importante quando usada a partir de tarefas que façam sentido para elas, como escrever as suas próprias histórias em quadrinhos, por em prática tudo que pesquisaram na CAP.
Com certeza as novas tecnologias podem reforçar os trabalhos pedagógicos, permitindo que possam criar situações de aprendizagens ricas, diversificada, fazendo com que os alunos sejam sujeitos agentes e não reagentes do seu desenvolvimento de aprendizagem.
O momento da socialização foi de magnificência do nosso trabalho, pois é neste período que os alunos se sentiram verdadeiros autores de sua história.
A socialização doas histórias produzidas junto aos colegas foi muito valiosa para que eles, pois perceberam-se capazes de fazer algo diferente, capazes de serem autores como eles foram, capazes de saber criar, inventar e produzir suas próprias histórias em quadrinhos.
Neste momento tivemos certeza de fizemos um bom trabalho, ou melhor eles fizeram, pois o nosso trabalho não estaria pronto se eles não se dispusessem a participar com tanta espontaneidade, envolvimento, interesse, pois estávamos como simplesmente na condição de orientadores e espectadores de seu processo de desenvolvimento.
A relação social é uma relação entre eu e o outro, relação entre eu e o saber, a construção de si mesmo, pois o aprender jamais se acaba.
Foi muito desafiador "ensinar" algo a alguém , talvez seja isto o que mais me seduza, o quanto pude apreender o propósito de ensinar, aprender, de educação no seu sentido mais amplo, de ser, pois a educação está e pode ser dada em todo o lugar.
Uma vivência inesquecível...
Luana Pereira Kruger
Para iniciarmos nossa intervenção para preparação do projeto de pesquisa com os alunos no Cap levamos a sacola mágica com diferentes tipos de objetos, então em um primeiro momento formamos os grupos e em círculo cada grupo foi vasculhando a sacola, tirando os objetos de dentro e anotando em seu diário de bordo características dos objetos que mais lhe chamara atenção, pois já havíamos explicado aos alunos com funcionaria.
Na sacola mágica havia roupas, sapatos e muitos acessórios, o que despertou em alguns alunos à vontade de se fantasiar, e assim aconteceu, realizaram até um desfile para os colegas, foi bem divertido.
Depois que todos os grupos mexeram na sacola mágica e anotaram em seus diários o nome dos objetos, guardamos tudo e pedimos para eles que escolhessem três objetos que mais gostaram, para em seguida escreverem no diário. Após, os alunos tiveram que inventar/criar uma história onde deveria aparecer os objetos escolhidos, as histórias foram bem criativas, porém pequenas e curtas. Alguns alunos não fizeram porque ficaram conversando.
Este dia foi realmente de novidades, tanto para os alunos, quanto para mim, pois como a Cap é um local onde as crianças ficam em turno oposto ao da escola para atividades de recreação, pensei que os alunos não teriam muito interesse em escrever, ou mesmo fazer as mesmas coisas que na escola, mas pude perceber que estava enganada porque os alunos colaboraram plenamente, em nenhum momento se recusaram a fazer a atividade proposta.
Talvez eu estivesse um pouco ansiosa no momento, mas com certeza aos poucos, com o carinho que os alunos me transmitem e com as novidades que vamos apresentar nas próximas aulas, vou superar os meus medos e anseios.
Os alunos estavam curiosos para saber o que íamos fazer naquela tarde, talvez porque já sabiam que seria diferente do que estavam acostumados.
No primeiro momento, na tentativa de identificar os temas de interesse dos alunos para iniciarmos o projeto de pesquisa, conversamos sobre os objetos que havia na sacola mágica. Após, começamos a investigar sem os alunos perceberem, os objetos que cada aluno havia gostado mais, que achava mais interessante para aprender um pouco mais sobre ele, também colocamos que não necessariamente precisava ser um objeto da sacola, poderia ser alguma coisa que queriam saber mais. O que aconteceu foi que os interesses iam mudando a todo instante, escolhiam determinada coisa e se de repente se o colega do lado falasse alguma coisa que achou legal, já mudava. No início foi tumultuado, mas fomos acalmando-os, porque era muita conversa estavam agitados, então foram para o intervalo e quando voltaram continuamos com a conversa, mas neste momento com mais calma conseguimos aos poucos ir formando duplas, trios com os mesmos temas de interesse, ou pelo menos aproximando os assuntos que se pareciam mais. Como não seria novidade teve alunos que ficaram sem tema, então tivemos que sentar com estes alunos para conversar individualmente, indagando se não teria nada que ele quisesse saber mais, conhecer para aprender e com muita paciência conseguimos achar seus temas de interesse.
Não vou negar que foi um pouco turbulenta a aula, pois até cada aluno decidir seu assunto, tivemos que dispor de muita calma e paciência, até a professora titular comentou de como estavam agitados, porém uma coisa boa, quase todos alunos fizeram a escolha do seu tema de interesse, e os que não conseguiram chegar a um denominador comum deixamos para a aula seguinte.
Depois da confusão da aula anterior, seguimos na organização dos grupos pelo mesmo tema de interesse e finalmente conseguimos definir os assuntos: binóculos, computador, x-mem e liga da justiça. Como na outra aula ficou quase que decidido estes temas, nos precavemos e levamos materiais para que os alunos pudessem começar a pesquisa, foi onde começaram a surgir as perguntas sobre o que era pesquisar, o que pesquisar e como. Neste momento explicamos e ajudamos dupla por dupla a realizar a pesquisa.
Tudo que mais chamava a atenção dos alunos, o que achavam mais interessante, iam anotando em seu diário de bordo, conforme nós havíamos sugerido.
Disponibilizamos muito material e isto provocou curiosidades, pois os alunos queriam ver todos os assuntos, todos os materiais, e a parte boa foi que trocaram idéias uns com os outros sobre diferentes temas, circularam o tempo todo na sala de aula, conversaram, discutiram sobre as novidades que iam descobrindo e quando vimos a aula já estava terminando e não havíamos percebido.
Neste dia, os diários de bordo não tiveram quase nenhuma anotação, os alunos leram, pesquisaram e não cobramos dos alunos a escrita. Os alunos estavam dispersos, agitados e ao mesmo tempo interessados em ficar descobrindo nos materiais disponíveis curiosidades que tinham sobre seus temas e sobre outros assuntos também, o que certamente gerou muito aprendizado para os alunos e para nós.
Fiquei muito feliz com esta aula, pois o tempo passou muito rápido, nem percebemos, foi muito gratificante ver que os alunos ficaram envolvidos com a pesquisa.
Sempre, no primeiro momento, recapitulamos com os alunos a aula anterior e depois disponibilizamos os materiais de pesquisa tendo em vista a finalização da pesquisa.
Tivemos que sentar com as duplas para que organizassem as escritas nos seus diários, pois na aula anterior poucos foram os alunos que escreveram.
No momento da escrita percebemos que a pesquisa não estava sendo significativa para os alunos, porque já estavam perguntando quando iriam para o laboratório de informática e já não queriam escrever, relacionei isto ao os alunos não estarem acostumados com este tipo de atividade, pois a proposta da CAP envolve apenas recreação que é justamente para diferenciar dos trabalhos escolares.
Para que nosso trabalho não se tornasse frustrante sentamos com as duplas e praticamente finalizamos as suas pesquisas, pois estavam desinteressados e ansiosos pelo laboratório, para mexer no computador.
Percebi que o trabalho em grupo e de pesquisa não é uma atividade muito ativa nas escolas, senti que os alunos estavam perdidos, não sabiam o que escrever. Talvez uma falha aconteça nas propostas escolares, pois os alunos não sabem trabalhar em grupo, vivenciam uma realidade muito dura, realidade das nossas escolas infelizmente.
Um trabalho diferenciado, é isso que a Cap propõe, e nas observações e conversas com professores pude ver que a diretora cobra bastante o compromisso por parte da equipe de profissionais que ali trabalham. Volto a lembrar que o trabalho em grupo e de pesquisa é muito importante e que os alunos não tem oportunidade de realizar este tipo de trabalho. A escola não oferece este tipo de descoberta e a Cap oportuniza aos alunos este tipo de atividade apenas uma vez por ano, na feira de conhecimentos, onde com o auxílio das professoras os alunos escolhem o tema e a partir dele constroem um stand para explanar sobre o assunto, os temas deste ano foram pescadores, jogos, município de Imbé, entre outros. As escolas falham neste sentido, deveriam trabalhar mais este tipo de atividade, para que o aluno avance no seu processo de desenvolvimento tanto individual como em grupo.
Devemos tomar conhecimento de que este tipo de trabalho é muito enriquecedor para o aluno, pois discutem entre si, colocam suas opiniões para o grupo, que é onde surgirá um aprendizado muito mais prazeroso para o aluno.
Mas não foi isso que aconteceu na nossa aula onde pretendíamos desenvolver a pesquisa, justamente porque os alunos não estão acostumados a realizar este tipo de trabalho, por isso se tornou cansativo e desinteressante, apenas queriam saber de ir para o laboratório de informática e ainda bem que continuarão o trabalho de construção de história em quadrinhos no laboratório.
No primeiro dia das atividades no laboratório de informática, com os transtornos que tivemos no transporte escolar que não passou na hora certa para pegar os alunos na Cap e trazer para o laboratório na escola Santa Catarina, os alunos acabaram chegando atrasados na sua primeira aula, por este motivo ficaram pouco tempo trabalhando com o computador.
Tirando este problema, no primeiro momento da aula apresentamos a máquina para os alunos e quase todos já conheciam porque já haviam estado no laboratório outras vezes. Mesmo assim, como é gratificante oportunizar a crianças carentes, como estas que estamos trabalhando, o contato com o computador, pois vejo nos seus olhos brilhantes a felicidade que ficam em estar manuseando algo que é tão falado atualmente e que eles raramente tem chance de tocar e fazer descobertas sobre o tão falado computador.
Enquanto os alunos exploravam a máquina, parei para analisá-los, porque notei uma diferença que me chamou muita atenção: os piolhos que não paravam de explorar a cabeça daquelas crianças, então pensei e vi que eu estava errada em julgar aqueles piolhos, pois me dei conta de que essas crianças não possuem em casa um pai ou mãe que verifique se suas unhas estão crescidas, se tomou banho, escovou os dentes, imagina então catar piolhos nas cabeças. Na verdade a realidade em que vivem é bem diferente da minha, por exemplo, essas crianças fazem parte de mais uma família que sofre com as demandas de uma sociedade mais que capitalista, uma sociedade que não se importa com a humanidade, que não tenta achar soluções para que esta realidade cruel e triste comece a mudar aos poucos, porque para isso acontecer será preciso ajuda de cada um de nós, mas infelizmente nos acostumamos a olhar esta tragédia mundial e continuar de braços cruzados...
Em um terceiro momento apresentamos para as crianças o programa HQ, esclarecemos que iríamos criar uma história em quadrinhos sobre o tema que já havíamos pesquisado na Cap e aos poucos foram iniciando o processo de exploração do banco de dados do programa.
Mas pelo que pude observar os alunos não encontrarão dificuldades para criarem suas histórias porque adoram ficar mexendo no computador.
Sem os transtornos com o transporte, os alunos chegam no horário, e no primeiro momento colocamos aos alunos antes de iniciar a história, deveriam pensar que os temas de pesquisa estudados na CAP deveriam aparecer no contexto da história, também explicamos que toda história tem que ter uma seqüência, e para explicar esta questão apresentamos gibis para eles analisarem, para que ficasse mais clara a idéia de seqüência. Na verdade fizemos isto, porque percebemos que os alunos estavam escolhendo os cenários e os personagens sem pensar no que iriam escrever depois, apenas escolheram os que mais lhe chamaram atenção, então disso surgiria depois a dificuldade de acrescentar depois seus temas, caso fizessem daquela maneira, para tanto deixamos bem claro que as histórias tinham que partir dos seus temas de pesquisa.
No segundo momento os alunos partiram para a criação das histórias, era engraçado de ver mesmo depois das explicações que fizemos, os alunos começaram a colocar cenários e personagens que já havíamos notado que não tinha a ver com seu assunto, mas deixamos porque afinal de contas tudo era novidade e eles queriam mais era saber de mexer, colocar e tirar figura, ver as figuras do arquivo.
Deixamos os alunos bem a vontade para fazerem o que quisessem, porque já estávamos contando com esta curiosidade em ver todas as figuras, nos programamos para a aula que vem cobrar um pouco mais a criação das histórias.
Minha expectativa aumenta em relação ao processo de criação das histórias porque as aulas estão sendo maravilhosas, os alunos adoram o computador e o programa se tornou fácil para eles porque já tinham uma pequena noção de manuseio do mouse. Enfim, realmente está sendo muito prazeroso trabalhar com as capacidades de criar e imaginar dos alunos, estou adorando a experiência.
E os piolhos, que falei na primeira aula do laboratório, estou aprendendo a conviver com eles, embora acho que ainda não peguei nenhum, vou para a aula com o cabelo bem preso e bastante perfume atrás das orelhas. Espero que continue assim, sem sentir coceiras, pois se eu chegar a pegar vou ficar desesperada. Mas tudo bem, isso não é tão ruim assim, até tem solução, pior se não tivesse.
O andamento da construção das histórias em quadrinhos dos alunos está indo muito bem, eles se superam a cada dia, se envolvem com o computador de uma maneira inexplicável, vejo que estão realmente gostando de fazer as histórias.
Alguns alunos já haviam iniciado as histórias, ou melhor todos iniciaram é claro que ocorrerá mudanças, mas já na aula passada salvamos o que haviam feito colocando nome da dupla e nome da história, ensinamos como fazer para salvar e como fazer para abrir sua história.
Ainda estamos tendo problemas com os temas de interesse, alguns alunos não estavam colocando na história o seu assunto, então tivemos que sentar junto com eles e auxiliar no processo de organização do pensamento para que acontecesse a inclusão do tema de interesse.
Fica nítido que os alunos estão se envolvendo cada vez mais com as histórias e o programa. Me surpreende a maneira como dominam o mesmo.
Não posso deixar de confirmar o quanto estou gostando desta experiência. Estou achando o máximo as invenções das crianças, eles realmente tem um alto poder de criatividade e eu estou aliviada de estar fazendo um trabalho que esteja sendo prazeroso para os alunos, pois está no olhar de cada um que estão gostando de criar as histórias em quadrinhos.
Recebemos a visita da professora Anilda, que adorou o trabalho dos alunos e aproveitou para nos dar algumas dicas de como finalizar o trabalho no computador para a o relato de estágio. Também sugeriu gravarmos em Cd pra colocar as histórias disponível na Internet. Fiquei achando o máximo!!
Os alunos não se acanharam nenhum pouco com a presença dela na sala do laboratório de informática.
Tenho notado que os alunos chegam na escola onde utilizamos a sala do laboratório de informática loucos para irem ligando os computadores para continuar a desenvolver a história. Na maioria das vezes não precisam de nosso auxílio, mas ficamos orientando as duplas para ver se está saindo tudo bem.
As histórias já estão do meio para o fim, apenas uma dupla perdeu sua história e teve que iniciar novamente, por motivo de uma queda de luz repentina não deu tempo de salvar, mas era uma dupla que manuseava com facilidade o programa, então não tiveram muita dificuldade de reiniciar seu trabalho.
Quando não tem nenhuma dupla precisando do meu auxílio paro para fazer algumas anotações e uma coisa que me despertou interesse é que os alunos aprenderam rápido a manusear o programa HQ, embora seja fácil mesmo, mas digo no sentido de serem alunos que não possuem contato direto com o computador, achei que seria mais complicado para eles o contato com o mouse, eu estou cada vez mais apaixonada...
Sabe que de tão envolvida, só vou me lembrar dos piolhos quando já estou em casa fazendo as minhas observações.
Também recebemos a visita da Secretária de Educação do município de Imbé, pois é ela que faz o acompanhamento dos estágios no município. Ela adorou os trabalhos dos alunos e aproveitou para sugerir que nossa colega Patrícia, que trabalha na Secretaria de Educação de Imbé, deixar a disposição o trabalho para servir de exemplo para as professoras do município. Foi uma visita breve, mas os alunos já a conheciam e talvez por este motivo ficaram o tempo todo bem quietinhos, apenas conversaram com a dupla, o que me surpreendeu muito.
Depois que a secretária foi embora os alunos voltaram ao seu normal e começaram a levantar para ver as histórias de seus colegas, bisbilhotar cenários e personagens, davam sugestões, perguntavam, opinavam, enfim trocavam informações entre eles, o que é muito importante no processo ensino-aprendizagem. Pode-se dizer que trocavam seus conhecimentos com muita facilidade. Estavam curiosos para ver o que seus colegas haviam criado e ao mesmo tempo queriam colocar o que sabiam para ajudar os colegas.
Nossa, as histórias estão ficando maravilhosas!!!
Infelizmente estamos chegando no último dia do estágio, estou muito triste, parece que passou muito rápido.
Muitos alunos já estão com a história pronta, falta apenas orientar sobre alguns erros de ortografia para que fechem com chave de ouro. Outros alunos, porém, terão a aula de sexta-feira para finalizar a história e verificar os erros de ortografia.
As histórias que estão prontas ficaram excelentes, eu sou suspeita falar, mas achei o máximo, tudo de bom.
Já estou com muita saudade porque sei que não vou ter mais este contato de aluno e professor, pois os únicos momentos que vivencio esta experiência são nos estágios, onde vejo que é o que quero mesmo, adoro ser professora, acho maravilhoso o ato de poder ensinar, poder construir conhecimentos com as crianças que estão no auge das curiosidades, angústias, prontas para adquirir conhecimentos. Mas a minha hora chegará certamente, pois pretendo logo que me formar estar trabalhando dentro da sala de aula, vou tentar de tudo para que este desejo se realize.
As histórias em quadrinhos ficaram maravilhosas, a criatividade dos alunos fluíram e saíram ótimas criações, é uma pena que tenha acabado.
Agora já não tenho muito a relatar, ficaram apenas as lembranças de uma experiência e tanta, que eu adorei participar. No início não vou negar que estava com medo, aflita, mas agora vejo que não tem nada a temer, estas experiências só servem pra me tirar o medo que tinha de enfrentar uma sala de aula por não ter nunca experimentado, por não ter feito magistério talvez, mas agora vejo que já estou preparada para ser uma boa professora, como pretendo ser.
Um olhar sobre projetos de pesquisa associado ao uso das novas tecnologias
Patrícia Sessim Neves
Iniciamos as atividades instigando a curiosidade das crianças em torno de temas variados e através de materiais mais variados ainda, pois levamos para a sala de aula uma "SACOLA DA CURIOSIDADE".
Através desta atividade, procuramos desenvolver com a turma também habilidades de pensamento, tais como: observação, descrição, relação, ordenação, compreensão e classificação.
A princípio, solicitamos à turma que se organizassem em grupos para que após, cada grupo fosse até a "SACOLA DA CURIOSIDADE" para descobrir o que havia dentro.
Antes de começarem a observação, explicamos como seria realizada esta atividade.
Levantamos algumas questões como por exemplo: O que é isto? Para que serve? Ainda é utilizado? O que achaste mais interessante? Por quê? Tens curiosidade em saber algo mais sobre determinado objeto?
As crianças estavam curiosas e observaram todos os objetos com muito interesse. Dentro desta sacola procuramos colocar objetos variados: jornais, gibis, roupas, fantasia de carnaval, sandália, chapéu, brinquedos, máquina fotográfica, telefone celular, colares, binóculo, óculos de mergulho, de sol, mouse. disquete etc.
Após ordenarem, descreverem, classificarem os objetos, os alunos vestiram as roupas, chapéus, brincaram, manusearam os objetos várias vezes.
Para que pudéssemos analisar suas escritas, solicitamos que escolhessem cinco objetos e criassem uma historinha.
Observei o quanto à interação entre o grupo é importante e como favoreceu esta atividade.
Os alunos tiveram assim, a possibilidade de interagir com os colegas, no momento de dúvida, enquanto produziam e analisavam suas escritas.
Ao ler os portfólios percebi o quanto esta atividade foi produtiva, importante para todos, pois participaram ativamente de todas as atividades propostas e analisaram a tarde como sendo "muito boa".
Na identificação dos temas de interesse, questionamos por que resgatar o interesse? Por que muitas vezes desconsideramos a curiosidade da criança quando esta chega na escola?
Penso que isto acontece porque desconhecemos a proposta de projetos de pesquisa. A partir do momento que passamos a acreditar nesta proposta, nosso trabalho torna-se diferenciado, pois partimos do princípio de que o aluno já possui conhecimentos antes de chegar na escola. E é a partir destes conhecimentos anteriores e interesses que o aprendiz irá se movimentar, interagir com o desconhecido, ou novas situações, para se apropriar do conhecimento específico. Para que isto ocorra, criamos um ambiente de curiosidade, interesse e troca de experiências, onde os alunos passam a articular novas informações com o conhecimento que já possuem, produzindo novos conhecimentos, adquirindo autonomia.
No primeiro momento, perguntamos a turma se sabiam o que era pesquisa, para após levantarmos, preliminarmente, suas certezas provisórias e dúvidas temporárias.
Após reunimos as crianças por grupos de afinidades (de temas, perguntas, curiosidades). Para nós, não era tão importante o resultado, mas sim o caminho, por isso, não era obrigatório que eles tivessem respostas para suas questões. Procurei orientá-los para que, durante o desenvolvimento do projeto, não utilizassem perguntas pontuais, ou seja, buscamos perguntas que estimulassem o pensamento, a reflexão e que também provocassem.
Os interesses geraram assuntos, de acordo com os assuntos, formaram-se os grupos. Os assuntos se transformaram em perguntas: principal e secundárias; após o planejamento, definido pelas questões: O que é? Por quê? Para que serve? Como?
A dificuldade por mim encontrada, foi o tempo. Precisávamos de mais horas para desenvolver este planejamento.
Os temas ficaram então, assim definidos:
X-Men ( O que é mutação? Como acontece?)
Computadores (Como são as peças? Como surgiu o 1º computador? Como era? Como criar historias em quadrinhos? Como funciona a Internet?)
Binóculos (Quem criou? Para que serve? Como funciona? Quem utiliza e por quê?)
Liga da Justiça ( Quais são os poderes do Batmam e do Lanterna Verde?)
No desenvolvimento da pesquisa conversamos um pouco a respeito do portfólio, pois notamos ao ler, que muitos não faziam uma reflexão do dia, mas apenas algumas frases: "A aula foi boa".
Procuramos explicar que os registros precisam conter uma justificativa, se gostou, por quê? Se não foi interessante em algum momento explicar; se descobrir alguma coisa relatar.
Os alunos estavam ansiosos para iniciarem suas pesquisas.
Trouxemos materiais para os grupos iniciarem suas pesquisas, mas antes, retomamos a questão: O que é pesquisa? Como se faz?
Solicitamos que analisassem o material e retirassem dali as informações necessárias ao seu trabalho. É necessário fazer uma análise e avaliação das anotações, para eliminarem as repetições.
Algumas meninas não conheciam gibi, isto chamou minha atenção, pois tanto na CAP, como na biblioteca da escola de origem têm gibis. Isto me levou a pensar sobre o trabalho desenvolvido nas escolas, sobre minha própria prática docente. Em que momento e como está sendo utilizada a biblioteca escolar?
Torna-se cada vez mais necessário despertar o interesse dos alunos pelos livros da biblioteca, sejam referentes às pesquisas ou de literatura infantil.
O gibi, uma pequena história ou revista em quadrinhos, são considerados veículos extremamente atraentes para as crianças, sua utilização em sala de aula é bastante oportuna. Além de exercitar a criatividade, constrói o hábito da leitura, pois com essa prática, a criança está realizando a leitura de imagens, tão importante quanto a leitura de frases e textos.
No decorrer do trabalho, procuramos dar mais atenção a cada grupo, analisando suas escritas. Aos poucos procuram responder as suas dúvidas. Conversam sobre o que já pesquisaram e o que estava difícil de ser encontrado nos materiais que continham.
Notei que o maior interesse da turma é ir logo para o Laboratório de Informática, para produzirem suas histórias. Nesta parte do estágio, que se refere à pesquisa, percebo que os alunos demonstram interesse mas não tanto quanto a perspectiva de usar os computadores. Talvez porque as atividades realizadas na CAP, em sua maioria são jogos e recreação. Parece, às vezes, que estudar, pesquisar, faz parte da escola, do turno que estão em aula.
Mesmo assim, estou contente em realizar este estágio com este grupo de crianças, pois aprendo a cada dia o quanto é importante o compartilhar de idéias, a troca de experiências ali vivenciadas.
Acredito que a idéia de aprendizagem cooperativa, proporcionada pelos projetos de pesquisa, supera a simples aglutinação de trabalhos individuais, limitação presente quando não existe clareza sobre o trabalho em conjunto.
Observando as crianças pesquisarem, lembrei-me de uma fala da professora Liane, no semestre passado, quando conversávamos sobre paradigmas; "A Internet precisa de pessoas que saibam fazer perguntas".
Também compartilho deste pensamento, e é justamente por isso que acredito nos projetos de pesquisa, pois assim as crianças irão aprender (ou lembrar) como fazer perguntas, pesquisar na Internet, sem copiar páginas inteiras que não tenham relação com suas dúvidas. É uma pena que no Laboratório do nosso município não tenha acesso a Internet, mas com certeza, em um futuro próximo, essas crianças terão a oportunidade de navegar.
A escola conectada, interligada, integrada, articulada com o conjunto da rede, passa a ser mais um elemento deste processo coletivo de produção de conhecimento. Estas navegações, portanto, são praticamente sem limites. E este estágio, terá então uma relevância muito importante, pois não é só na escola que podemos produzir conhecimentos.
Precisamos compreender mais de que forma esta geração (e os alunos da CAP, não na sua totalidade, pois a maior parte é de baixo poder aquisitivo) convive simultaneamente com os games, televisões, esportes radicais, Internet, tudo simultaneamente, de forma múltipla e fragmentada ao mesmo tempo. Esta geração já se relaciona com os novos tipos de mídia de forma diversa e existe em gestação um novo processo de conhecimento, ainda desconhecido pela escola. Nós professores, não podemos ficar alheios a tudo isto. Como diz a professora Anilda "precisamos compreender e dar conta" ou ao menos tentar, desta complexidade, para que tenhamos um sistema educacional compatível com o momento histórico.
No início das atividades no laboratório, apresentamos a máquina, pois alguns alunos não conheciam computadores, outros conheceram através das pesquisas e a maioria já havia participado de aulas com o professor Delmar, com as escolas de origem.
Deixamos que explorassem os recursos oferecidos livremente.
É oportuno esclarecer aqui que no momento de utilizarem os computadores, os alunos foram deslocados de ônibus da CAP, para a E.M.E.F. Estado de Santa Catarina, a única no município de Imbé que possui laboratório de informática que atende todos os alunos da rede municipal. Este deslocamento preocupava-nos um pouco, pois os problemas com os ônibus eram vários. Mas transcorreu tudo bem.
Como são nove computadores, os grupos foram divididos em duplas, para que melhor desenvolvessem o trabalho.
No segundo momento, apresentamos o programa HagáQuê. Os alunos ficaram tão empolgados, analisaram todo o banco de dados, as figuras disponíveis. O encantamento era visível.
Isto me fez refletir, rever que a introdução pura e simples das tecnologias não é garantia de transformação. Esta introdução é, portanto, uma condição necessária mas não suficiente. Introduzir estas tecnologias exige compreender de forma mais ampla a necessidade de fortalecer os nós. Estabelecendo uma rede de conexões. É preciso definir os objetivos do trabalho com a informática na escola, pois o uso adequado dos computadores traz possibilidades de um novo paradigma educacional, além de contribuir para o desenvolvimento da pesquisa, para reflexão crítica e facilitar a aprendizagem.
Segundo Freire (1995) "a educação não se reduz à técnica, mas não se faz educação sem ela". Utilizar computadores na educação, "em lugar de reduzir pode expandir a capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Depende de quem usa, a favor de que e de quem e para quê". O homem concreto deve se instrumentar com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar "pela causa de sua humanização e de sua libertação."
Neste dia, consegui estar mais próxima dos alunos, e eles conseguiram procurar ajuda em mim e em outros colegas. O processo de ensino-aprendizagem ganhou assim, um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.
Para iniciar o processo de compreensão do HagáQuê, explicamos aos alunos como criar histórias em quadrinhos e como relacioná-las a sua pesquisa. No primeiro momento não foi fácil, pois nunca haviam trabalhado com esta proposta. Na verdade, nem nós. Estávamos descobrindo com eles, novos recursos, novas possibilidades.
Sabemos que brincar faz parte do processo de desenvolvimento da criança. Brincando ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando a criança aprende.
A importância das histórias em quadrinhos é fundamental para o aprendizado dos nossos alunos. Ao ler e criar as histórias devemos prestar atenção em cada detalhe: cenários, roupas, épocas e costumes.
Nesta tarde, não percebemos as horas passarem, quando vimos o ônibus já estava buscando os alunos. O prazer deles me inspira. Isso é muito bom.
Essa ferramenta maravilhosa nos leva a crer na possibilidade de que ela provoque os já mencionados desequilíbrios, pois se é por meio da busca da equilibração que a criança se motiva intrinsecamente e permanece ativa ao meio e com o objeto, talvez aí esteja a justificativa de encontrarmos crianças manuseando atentamente os computadores por um tempo longo.
Desde a aula anterior, e principalmente agora, as trocas entre os alunos foram muitas. A busca por personagens diferentes, hipóteses de cenário evidenciadas nas falas: "Quero igual ao do meu colega, onde acho?", são de uma riqueza extraordinária!
A princípio fiquei um pouco preocupada, achando que para as crianças seria difícil utilizar este programa - HagáQuê – pela vasta variedade de possibilidades, mas fui surpreendida pela facilidade com que o utilizaram e buscaram imagens. As crianças absorveram os recursos tecnológicos sem barreiras e manifestaram prazer em tudo o que fizeram. Rever os conceitos na forma de ensinar, tanto pela escola quanto pela comunidade que a constitui, significa ampliar a visão sobre aprender.
Neste estágio, utilizando esta forma de trabalho, me surpreendi muito com a quantidade de informação que os alunos trazem, mesmo sobre conteúdos e tecnologias que não haviam sido tratados no currículo da escola!
Percebi, mais do que nunca, como é importante a criança ter autonomia, para criar suas histórias, eles assim vão longe.
Neste laboratório, os alunos e nós (estagiárias), sujeitos da própria ação, participamos ativamente de um processo contínuo de colaboração, motivação, investigação, reflexão, desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, de descoberta e de reinvenção.
Quando nossa supervisora de estágio, professora Anilda, foi observar nossa aula, nos indicou caminhos e sugestões para finalizarmos este trabalho. A professora transmitiu-nos tranqüilidade e amorosidade. Sabemos que "o outro ao olhar-nos, põe-nos em questão", tanto o que nós somos como todas essas imagens que construímos... Percebo que nossa supervisora de estágio consegue abarcar através de sua sensibilidade e compreensão, os sinais que damos através do olhar, dos gestos, das palavras e perguntas, e que são reveladores do significado de nossas dificuldades e limitações. Ao mesmo tempo, ajuda-nos a perceber nossas potencialidades de avanço, para alcançarmos o que não sabemos ou dominamos. Instiga-nos a deixar fluir nossos sentimentos, gostos, criatividade, bem como, a expressar sem medo nossos feitos, avanços e projetos.
Quanto mais as histórias dos alunos se desenvolvem, mais atenções necessitam e conseqüentemente, mais tempo passamos com cada dupla.
Iniciamos o trabalho com dezesseis alunos na CAP, mas no laboratório de informática só compareceram 12, pois o restante estava na escola de origem com oficinas pedagógicas neste período. Foi uma pena que isto tenha acontecido, mas com certeza terão oportunidade de realizar este trabalho, pois o professor Delmar, responsável pelo laboratório, gostou do nosso projeto, e irá dar continuidade com esta turma e com outras que venha a trabalhar.
Ao finalizar as histórias em quadrinhos, tivemos a visita da Secretária Municipal de Educação, professora Ivaner.
Ela observou o trabalho dos alunos e ficou muito satisfeita com o que viu, principalmente porque muitas das professoras do município estão cursando Pedagogia na FACOS, isto quer dizer que a qualidade do ensino em Imbé só tende a melhorar, visto o que é oferecido pelo referido curso.
Ao mesmo tempo, observou também, que muitos alunos apresentam dificuldades na seqüência da história, o que mostra-nos que este tipo de criação não é estimulado nas escolas.
Para que isto ocorra, o professor tem que ter uma atitude de abertura ao diálogo e de parceria com o aluno.
Procuramos, neste ambiente, ser o mediador da aprendizagem, atuando na zona de desenvolvimento proximal estudada por Vygotsky. Ou seja, o professor precisa compreender o problema do aluno e entender a sua dificuldade momentânea para intervir no processo.
Observamos que os alunos utilizam vários tipos de balões, apesar de já termos explicado a finalidade de cada um: fala, pensamento, grito, cochicho, amor, sonho e uníssono. Tudo foi socializado com os colegas nas discussões após a aula e antes de realizarem a reflexão no portfólio.
Nas etapas desenvolvidas na confecção das histórias em quadrinhos, a base de qualquer tira é a idéia. O desafio é passá-la para o desenho, distribuindo a informação no espaço necessário. Esta foi uma das maiores dificuldades para alguns alunos. Para outros, a dificuldade encontrada foi a de construir a história baseada nos personagens criados e nos temas da pesquisa.
É importante ressaltar que a cada dia, a autonomia dos alunos avançou; à medida que eles foram criando e finalizando suas histórias em quadrinhos, trabalharam mais confiantes e isso tornou o nosso ambiente de aprendizagem muito rico. Em cada fala, encontrávamos mais ânimo de seguir em frente! Descobri que, os sujeitos, a partir do momento em que são conhecedores, são autônomos em seus procedimentos pelo seu saber. Então, confirmo que a autonomia se dá através do conhecimento; somente sabendo o ser é autônomo.
Os projetos de pesquisa que os alunos desenvolveram associado ao trabalho com o HagáQuê, propuseram uma visão diferenciada sobre o processo de aprendizagem e de ensino, pois propicia subsídios para procedimentos autônomos, desafia o educando a criar oportunidades de vivenciar a sua aprendizagem e a acreditar naquilo que faz, conferindo sentido à sua ação.
Ao término dos trabalhos no Laboratório, os alunos terminaram as histórias em quadrinhos, colocaram seus dados e definiram o título do trabalho que irá na capa do material.
As histórias serão impressas e encadernadas. Uma cópia ficará a disposição dos alunos no CAP e outra constará do nosso relatório de estágio. A professora Anilda também fará a publicação na Internet.
Isto deixou a turma empolgadíssima. Imaginem, o mundo todo tendo acesso às histórias produzidas por alunos do município de Imbé!
Acreditamos que com este projeto, abrimos portas de trabalho inesgotáveis, pois se os professores derem continuidade, muito poderá ainda ser desenvolvido. Infelizmente não dispomos de tempo para isto, pois estamos finalizando o nosso estágio.
No restante da aula, os alunos digitaram seus portfólios, para anexarmos às histórias.
Como o tempo ficou escasso, combinamos que a socialização das histórias será realizada na CAP, assim que o material estiver impresso, pois o ônibus não poderá trazê-los para o laboratório na próxima semana.
Aprendizagens e vivências
Ana Paula Lopes dos Santos
No primeiro momento transformei-me numa instigadora de conhecimentos, tentei trabalhar a partir das concepções dos alunos, dialogar com eles, criando a possibilidade de uma intervenção crítica.
Pretendendo garantir uma articulação constante da teoria com a prática, procurei trabalhar com os alunos a partir de seus próprios interesses, proporcionando-os uma atividade diferenciada, como exemplo, uma "bolsa mágica" que conteria várias figuras e objetos para observar detalhes e características. Depois de observar todas as figuras os educandos teriam que escolher algumas figuras ou objetos para escrever um texto.
Esta atividade proporcionou aos educandos memorização, reflexão e socialização, pois todos trocaram entre si o conhecimento que tinham sobre os objetos. Este momento também oportunizou os educandos a possibilidade de desinibição, descontração.
A partir de vários materiais expostos na sala os educandos escolheram os que eram de seu interesse para começar a pesquisa.
Indagamos: - Sobre o que é o seu objeto de interesse, porque quer saber sobre este objeto e para que serve?
Vários temas foram apresentados:
Ligas da justiça, Binóculo, Computador e X-mem.
Nos temas escolhidos houve um envolvimento constante de busca e compreensão, tentando aprofundar ao máximo seus conhecimentos.
Para mim foi muito fascinante ver esses educandos tão envolvidos, pois o conhecimento se dá a partir da interação com o objeto desejado, e isto é o que eles estavam fazendo naquele momento.
No decorrer da pesquisa podemos observar também a troca que houve entre os alunos, já que em um dos momentos o educando "B" pergunta para o educando "C":
- Você esta precisando de ajuda, sei alguma coisa sobre o seu assunto, pois vejo em casa este desenho?
Não só houve uma troca, como também a intenção de ajudar o colega a desenvolver o tema escolhido.
Acredito que o indivíduo que colabora para que o seu colega consiga desenvolver seu trabalho, no futuro será um indivíduo capaz de colaborar com a sociedade que está inserido, capaz de ser um cidadão em busca de melhoria para sua sociedade.
No início das atividades no laboratório de informática os alunos estavam todos entusiasmados e o mais mágico disto tudo é que conseguimos dar oportunidade para um dos alunos que nunca havia estado em contato com o computador.
Para mim só isto já bastava, de poder ver a expressão daquela criança foi muito maravilhoso e com certeza ela nunca irá esquecer deste momento.
Apesar das crianças não terem contato com o computador, aprenderam como utilizar este recurso sem nenhuma dificuldade, manifestando prazer em tudo que faziam.
No laboratório de informática pudemos também observar algumas dificuldades quanto a escrita, a seqüência lógica das histórias em quadrinhos e a dificuldade ao mesmo tempo de lidar com os balões, já que não sabiam qual função cada um.
Muitas vezes a escola não se dá conta de que o uso de novas tecnologias podem ajudar no desenvolvimento de aprendizagem de seus alunos. Tudo isto dá ao professor a chance de se deslumbrar com a produção de seus alunos e de surpreender com a rapidez com que todos aprendem a lidar com a informática.
O uso de novas tecnologias passa a ser mais importante quando usada a partir de tarefas que façam sentido para elas, como escrever as suas próprias histórias em quadrinhos, por em prática tudo que pesquisaram na CAP.
Com certeza as novas tecnologias podem reforçar os trabalhos pedagógicos, permitindo que possam criar situações de aprendizagens ricas, diversificada, fazendo com que os alunos sejam sujeitos agentes e não reagentes do seu desenvolvimento de aprendizagem.
O momento da socialização foi de magnificência do nosso trabalho, pois é neste período que os alunos se sentiram verdadeiros autores de sua história.
A socialização doas histórias produzidas junto aos colegas foi muito valiosa para que eles, pois perceberam-se capazes de fazer algo diferente, capazes de serem autores como eles foram, capazes de saber criar, inventar e produzir suas próprias histórias em quadrinhos.
Neste momento tivemos certeza de fizemos um bom trabalho, ou melhor eles fizeram, pois o nosso trabalho não estaria pronto se eles não se dispusessem a participar com tanta espontaneidade, envolvimento, interesse, pois estávamos como simplesmente na condição de orientadores e espectadores de seu processo de desenvolvimento.
A relação social é uma relação entre eu e o outro, relação entre eu e o saber, a construção de si mesmo, pois o aprender jamais se acaba.
Foi muito desafiador "ensinar" algo a alguém , talvez seja isto o que mais me seduza, o quanto pude apreender o propósito de ensinar, aprender, de educação no seu sentido mais amplo, de ser, pois a educação está e pode ser dada em todo o lugar.
Uma vivência inesquecível...
Luana Pereira Kruger
Para iniciarmos nossa intervenção para preparação do projeto de pesquisa com os alunos no Cap levamos a sacola mágica com diferentes tipos de objetos, então em um primeiro momento formamos os grupos e em círculo cada grupo foi vasculhando a sacola, tirando os objetos de dentro e anotando em seu diário de bordo características dos objetos que mais lhe chamara atenção, pois já havíamos explicado aos alunos com funcionaria.
Na sacola mágica havia roupas, sapatos e muitos acessórios, o que despertou em alguns alunos à vontade de se fantasiar, e assim aconteceu, realizaram até um desfile para os colegas, foi bem divertido.
Depois que todos os grupos mexeram na sacola mágica e anotaram em seus diários o nome dos objetos, guardamos tudo e pedimos para eles que escolhessem três objetos que mais gostaram, para em seguida escreverem no diário. Após, os alunos tiveram que inventar/criar uma história onde deveria aparecer os objetos escolhidos, as histórias foram bem criativas, porém pequenas e curtas. Alguns alunos não fizeram porque ficaram conversando.
Este dia foi realmente de novidades, tanto para os alunos, quanto para mim, pois como a Cap é um local onde as crianças ficam em turno oposto ao da escola para atividades de recreação, pensei que os alunos não teriam muito interesse em escrever, ou mesmo fazer as mesmas coisas que na escola, mas pude perceber que estava enganada porque os alunos colaboraram plenamente, em nenhum momento se recusaram a fazer a atividade proposta.
Talvez eu estivesse um pouco ansiosa no momento, mas com certeza aos poucos, com o carinho que os alunos me transmitem e com as novidades que vamos apresentar nas próximas aulas, vou superar os meus medos e anseios.
Os alunos estavam curiosos para saber o que íamos fazer naquela tarde, talvez porque já sabiam que seria diferente do que estavam acostumados.
No primeiro momento, na tentativa de identificar os temas de interesse dos alunos para iniciarmos o projeto de pesquisa, conversamos sobre os objetos que havia na sacola mágica. Após, começamos a investigar sem os alunos perceberem, os objetos que cada aluno havia gostado mais, que achava mais interessante para aprender um pouco mais sobre ele, também colocamos que não necessariamente precisava ser um objeto da sacola, poderia ser alguma coisa que queriam saber mais. O que aconteceu foi que os interesses iam mudando a todo instante, escolhiam determinada coisa e se de repente se o colega do lado falasse alguma coisa que achou legal, já mudava. No início foi tumultuado, mas fomos acalmando-os, porque era muita conversa estavam agitados, então foram para o intervalo e quando voltaram continuamos com a conversa, mas neste momento com mais calma conseguimos aos poucos ir formando duplas, trios com os mesmos temas de interesse, ou pelo menos aproximando os assuntos que se pareciam mais. Como não seria novidade teve alunos que ficaram sem tema, então tivemos que sentar com estes alunos para conversar individualmente, indagando se não teria nada que ele quisesse saber mais, conhecer para aprender e com muita paciência conseguimos achar seus temas de interesse.
Não vou negar que foi um pouco turbulenta a aula, pois até cada aluno decidir seu assunto, tivemos que dispor de muita calma e paciência, até a professora titular comentou de como estavam agitados, porém uma coisa boa, quase todos alunos fizeram a escolha do seu tema de interesse, e os que não conseguiram chegar a um denominador comum deixamos para a aula seguinte.
Depois da confusão da aula anterior, seguimos na organização dos grupos pelo mesmo tema de interesse e finalmente conseguimos definir os assuntos: binóculos, computador, x-mem e liga da justiça. Como na outra aula ficou quase que decidido estes temas, nos precavemos e levamos materiais para que os alunos pudessem começar a pesquisa, foi onde começaram a surgir as perguntas sobre o que era pesquisar, o que pesquisar e como. Neste momento explicamos e ajudamos dupla por dupla a realizar a pesquisa.
Tudo que mais chamava a atenção dos alunos, o que achavam mais interessante, iam anotando em seu diário de bordo, conforme nós havíamos sugerido.
Disponibilizamos muito material e isto provocou curiosidades, pois os alunos queriam ver todos os assuntos, todos os materiais, e a parte boa foi que trocaram idéias uns com os outros sobre diferentes temas, circularam o tempo todo na sala de aula, conversaram, discutiram sobre as novidades que iam descobrindo e quando vimos a aula já estava terminando e não havíamos percebido.
Neste dia, os diários de bordo não tiveram quase nenhuma anotação, os alunos leram, pesquisaram e não cobramos dos alunos a escrita. Os alunos estavam dispersos, agitados e ao mesmo tempo interessados em ficar descobrindo nos materiais disponíveis curiosidades que tinham sobre seus temas e sobre outros assuntos também, o que certamente gerou muito aprendizado para os alunos e para nós.
Fiquei muito feliz com esta aula, pois o tempo passou muito rápido, nem percebemos, foi muito gratificante ver que os alunos ficaram envolvidos com a pesquisa.
Sempre, no primeiro momento, recapitulamos com os alunos a aula anterior e depois disponibilizamos os materiais de pesquisa tendo em vista a finalização da pesquisa.
Tivemos que sentar com as duplas para que organizassem as escritas nos seus diários, pois na aula anterior poucos foram os alunos que escreveram.
No momento da escrita percebemos que a pesquisa não estava sendo significativa para os alunos, porque já estavam perguntando quando iriam para o laboratório de informática e já não queriam escrever, relacionei isto ao os alunos não estarem acostumados com este tipo de atividade, pois a proposta da CAP envolve apenas recreação que é justamente para diferenciar dos trabalhos escolares.
Para que nosso trabalho não se tornasse frustrante sentamos com as duplas e praticamente finalizamos as suas pesquisas, pois estavam desinteressados e ansiosos pelo laboratório, para mexer no computador.
Percebi que o trabalho em grupo e de pesquisa não é uma atividade muito ativa nas escolas, senti que os alunos estavam perdidos, não sabiam o que escrever. Talvez uma falha aconteça nas propostas escolares, pois os alunos não sabem trabalhar em grupo, vivenciam uma realidade muito dura, realidade das nossas escolas infelizmente.
Um trabalho diferenciado, é isso que a Cap propõe, e nas observações e conversas com professores pude ver que a diretora cobra bastante o compromisso por parte da equipe de profissionais que ali trabalham. Volto a lembrar que o trabalho em grupo e de pesquisa é muito importante e que os alunos não tem oportunidade de realizar este tipo de trabalho. A escola não oferece este tipo de descoberta e a Cap oportuniza aos alunos este tipo de atividade apenas uma vez por ano, na feira de conhecimentos, onde com o auxílio das professoras os alunos escolhem o tema e a partir dele constroem um stand para explanar sobre o assunto, os temas deste ano foram pescadores, jogos, município de Imbé, entre outros. As escolas falham neste sentido, deveriam trabalhar mais este tipo de atividade, para que o aluno avance no seu processo de desenvolvimento tanto individual como em grupo.
Devemos tomar conhecimento de que este tipo de trabalho é muito enriquecedor para o aluno, pois discutem entre si, colocam suas opiniões para o grupo, que é onde surgirá um aprendizado muito mais prazeroso para o aluno.
Mas não foi isso que aconteceu na nossa aula onde pretendíamos desenvolver a pesquisa, justamente porque os alunos não estão acostumados a realizar este tipo de trabalho, por isso se tornou cansativo e desinteressante, apenas queriam saber de ir para o laboratório de informática e ainda bem que continuarão o trabalho de construção de história em quadrinhos no laboratório.
No primeiro dia das atividades no laboratório de informática, com os transtornos que tivemos no transporte escolar que não passou na hora certa para pegar os alunos na Cap e trazer para o laboratório na escola Santa Catarina, os alunos acabaram chegando atrasados na sua primeira aula, por este motivo ficaram pouco tempo trabalhando com o computador.
Tirando este problema, no primeiro momento da aula apresentamos a máquina para os alunos e quase todos já conheciam porque já haviam estado no laboratório outras vezes. Mesmo assim, como é gratificante oportunizar a crianças carentes, como estas que estamos trabalhando, o contato com o computador, pois vejo nos seus olhos brilhantes a felicidade que ficam em estar manuseando algo que é tão falado atualmente e que eles raramente tem chance de tocar e fazer descobertas sobre o tão falado computador.
Enquanto os alunos exploravam a máquina, parei para analisá-los, porque notei uma diferença que me chamou muita atenção: os piolhos que não paravam de explorar a cabeça daquelas crianças, então pensei e vi que eu estava errada em julgar aqueles piolhos, pois me dei conta de que essas crianças não possuem em casa um pai ou mãe que verifique se suas unhas estão crescidas, se tomou banho, escovou os dentes, imagina então catar piolhos nas cabeças. Na verdade a realidade em que vivem é bem diferente da minha, por exemplo, essas crianças fazem parte de mais uma família que sofre com as demandas de uma sociedade mais que capitalista, uma sociedade que não se importa com a humanidade, que não tenta achar soluções para que esta realidade cruel e triste comece a mudar aos poucos, porque para isso acontecer será preciso ajuda de cada um de nós, mas infelizmente nos acostumamos a olhar esta tragédia mundial e continuar de braços cruzados...
Em um terceiro momento apresentamos para as crianças o programa HQ, esclarecemos que iríamos criar uma história em quadrinhos sobre o tema que já havíamos pesquisado na Cap e aos poucos foram iniciando o processo de exploração do banco de dados do programa.
Mas pelo que pude observar os alunos não encontrarão dificuldades para criarem suas histórias porque adoram ficar mexendo no computador.
Sem os transtornos com o transporte, os alunos chegam no horário, e no primeiro momento colocamos aos alunos antes de iniciar a história, deveriam pensar que os temas de pesquisa estudados na CAP deveriam aparecer no contexto da história, também explicamos que toda história tem que ter uma seqüência, e para explicar esta questão apresentamos gibis para eles analisarem, para que ficasse mais clara a idéia de seqüência. Na verdade fizemos isto, porque percebemos que os alunos estavam escolhendo os cenários e os personagens sem pensar no que iriam escrever depois, apenas escolheram os que mais lhe chamaram atenção, então disso surgiria depois a dificuldade de acrescentar depois seus temas, caso fizessem daquela maneira, para tanto deixamos bem claro que as histórias tinham que partir dos seus temas de pesquisa.
No segundo momento os alunos partiram para a criação das histórias, era engraçado de ver mesmo depois das explicações que fizemos, os alunos começaram a colocar cenários e personagens que já havíamos notado que não tinha a ver com seu assunto, mas deixamos porque afinal de contas tudo era novidade e eles queriam mais era saber de mexer, colocar e tirar figura, ver as figuras do arquivo.
Deixamos os alunos bem a vontade para fazerem o que quisessem, porque já estávamos contando com esta curiosidade em ver todas as figuras, nos programamos para a aula que vem cobrar um pouco mais a criação das histórias.
Minha expectativa aumenta em relação ao processo de criação das histórias porque as aulas estão sendo maravilhosas, os alunos adoram o computador e o programa se tornou fácil para eles porque já tinham uma pequena noção de manuseio do mouse. Enfim, realmente está sendo muito prazeroso trabalhar com as capacidades de criar e imaginar dos alunos, estou adorando a experiência.
E os piolhos, que falei na primeira aula do laboratório, estou aprendendo a conviver com eles, embora acho que ainda não peguei nenhum, vou para a aula com o cabelo bem preso e bastante perfume atrás das orelhas. Espero que continue assim, sem sentir coceiras, pois se eu chegar a pegar vou ficar desesperada. Mas tudo bem, isso não é tão ruim assim, até tem solução, pior se não tivesse.
O andamento da construção das histórias em quadrinhos dos alunos está indo muito bem, eles se superam a cada dia, se envolvem com o computador de uma maneira inexplicável, vejo que estão realmente gostando de fazer as histórias.
Alguns alunos já haviam iniciado as histórias, ou melhor todos iniciaram é claro que ocorrerá mudanças, mas já na aula passada salvamos o que haviam feito colocando nome da dupla e nome da história, ensinamos como fazer para salvar e como fazer para abrir sua história.
Ainda estamos tendo problemas com os temas de interesse, alguns alunos não estavam colocando na história o seu assunto, então tivemos que sentar junto com eles e auxiliar no processo de organização do pensamento para que acontecesse a inclusão do tema de interesse.
Fica nítido que os alunos estão se envolvendo cada vez mais com as histórias e o programa. Me surpreende a maneira como dominam o mesmo.
Não posso deixar de confirmar o quanto estou gostando desta experiência. Estou achando o máximo as invenções das crianças, eles realmente tem um alto poder de criatividade e eu estou aliviada de estar fazendo um trabalho que esteja sendo prazeroso para os alunos, pois está no olhar de cada um que estão gostando de criar as histórias em quadrinhos.
Recebemos a visita da professora Anilda, que adorou o trabalho dos alunos e aproveitou para nos dar algumas dicas de como finalizar o trabalho no computador para a o relato de estágio. Também sugeriu gravarmos em Cd pra colocar as histórias disponível na Internet. Fiquei achando o máximo!!
Os alunos não se acanharam nenhum pouco com a presença dela na sala do laboratório de informática.
Tenho notado que os alunos chegam na escola onde utilizamos a sala do laboratório de informática loucos para irem ligando os computadores para continuar a desenvolver a história. Na maioria das vezes não precisam de nosso auxílio, mas ficamos orientando as duplas para ver se está saindo tudo bem.
As histórias já estão do meio para o fim, apenas uma dupla perdeu sua história e teve que iniciar novamente, por motivo de uma queda de luz repentina não deu tempo de salvar, mas era uma dupla que manuseava com facilidade o programa, então não tiveram muita dificuldade de reiniciar seu trabalho.
Quando não tem nenhuma dupla precisando do meu auxílio paro para fazer algumas anotações e uma coisa que me despertou interesse é que os alunos aprenderam rápido a manusear o programa HQ, embora seja fácil mesmo, mas digo no sentido de serem alunos que não possuem contato direto com o computador, achei que seria mais complicado para eles o contato com o mouse, eu estou cada vez mais apaixonada...
Sabe que de tão envolvida, só vou me lembrar dos piolhos quando já estou em casa fazendo as minhas observações.
Também recebemos a visita da Secretária de Educação do município de Imbé, pois é ela que faz o acompanhamento dos estágios no município. Ela adorou os trabalhos dos alunos e aproveitou para sugerir que nossa colega Patrícia, que trabalha na Secretaria de Educação de Imbé, deixar a disposição o trabalho para servir de exemplo para as professoras do município. Foi uma visita breve, mas os alunos já a conheciam e talvez por este motivo ficaram o tempo todo bem quietinhos, apenas conversaram com a dupla, o que me surpreendeu muito.
Depois que a secretária foi embora os alunos voltaram ao seu normal e começaram a levantar para ver as histórias de seus colegas, bisbilhotar cenários e personagens, davam sugestões, perguntavam, opinavam, enfim trocavam informações entre eles, o que é muito importante no processo ensino-aprendizagem. Pode-se dizer que trocavam seus conhecimentos com muita facilidade. Estavam curiosos para ver o que seus colegas haviam criado e ao mesmo tempo queriam colocar o que sabiam para ajudar os colegas.
Nossa, as histórias estão ficando maravilhosas!!!
Infelizmente estamos chegando no último dia do estágio, estou muito triste, parece que passou muito rápido.
Muitos alunos já estão com a história pronta, falta apenas orientar sobre alguns erros de ortografia para que fechem com chave de ouro. Outros alunos, porém, terão a aula de sexta-feira para finalizar a história e verificar os erros de ortografia.
As histórias que estão prontas ficaram excelentes, eu sou suspeita falar, mas achei o máximo, tudo de bom.
Já estou com muita saudade porque sei que não vou ter mais este contato de aluno e professor, pois os únicos momentos que vivencio esta experiência são nos estágios, onde vejo que é o que quero mesmo, adoro ser professora, acho maravilhoso o ato de poder ensinar, poder construir conhecimentos com as crianças que estão no auge das curiosidades, angústias, prontas para adquirir conhecimentos. Mas a minha hora chegará certamente, pois pretendo logo que me formar estar trabalhando dentro da sala de aula, vou tentar de tudo para que este desejo se realize.
As histórias em quadrinhos ficaram maravilhosas, a criatividade dos alunos fluíram e saíram ótimas criações, é uma pena que tenha acabado.
Agora já não tenho muito a relatar, ficaram apenas as lembranças de uma experiência e tanta, que eu adorei participar. No início não vou negar que estava com medo, aflita, mas agora vejo que não tem nada a temer, estas experiências só servem pra me tirar o medo que tinha de enfrentar uma sala de aula por não ter nunca experimentado, por não ter feito magistério talvez, mas agora vejo que já estou preparada para ser uma boa professora, como pretendo ser.
Um olhar sobre projetos de pesquisa associado ao uso das novas tecnologias
Patrícia Sessim Neves
Iniciamos as atividades instigando a curiosidade das crianças em torno de temas variados e através de materiais mais variados ainda, pois levamos para a sala de aula uma "SACOLA DA CURIOSIDADE".
Através desta atividade, procuramos desenvolver com a turma também habilidades de pensamento, tais como: observação, descrição, relação, ordenação, compreensão e classificação.
A princípio, solicitamos à turma que se organizassem em grupos para que após, cada grupo fosse até a "SACOLA DA CURIOSIDADE" para descobrir o que havia dentro.
Antes de começarem a observação, explicamos como seria realizada esta atividade.
Levantamos algumas questões como por exemplo: O que é isto? Para que serve? Ainda é utilizado? O que achaste mais interessante? Por quê? Tens curiosidade em saber algo mais sobre determinado objeto?
As crianças estavam curiosas e observaram todos os objetos com muito interesse. Dentro desta sacola procuramos colocar objetos variados: jornais, gibis, roupas, fantasia de carnaval, sandália, chapéu, brinquedos, máquina fotográfica, telefone celular, colares, binóculo, óculos de mergulho, de sol, mouse. disquete etc.
Após ordenarem, descreverem, classificarem os objetos, os alunos vestiram as roupas, chapéus, brincaram, manusearam os objetos várias vezes.
Para que pudéssemos analisar suas escritas, solicitamos que escolhessem cinco objetos e criassem uma historinha.
Observei o quanto à interação entre o grupo é importante e como favoreceu esta atividade.
Os alunos tiveram assim, a possibilidade de interagir com os colegas, no momento de dúvida, enquanto produziam e analisavam suas escritas.
Ao ler os portfólios percebi o quanto esta atividade foi produtiva, importante para todos, pois participaram ativamente de todas as atividades propostas e analisaram a tarde como sendo "muito boa".
Na identificação dos temas de interesse, questionamos por que resgatar o interesse? Por que muitas vezes desconsideramos a curiosidade da criança quando esta chega na escola?
Penso que isto acontece porque desconhecemos a proposta de projetos de pesquisa. A partir do momento que passamos a acreditar nesta proposta, nosso trabalho torna-se diferenciado, pois partimos do princípio de que o aluno já possui conhecimentos antes de chegar na escola. E é a partir destes conhecimentos anteriores e interesses que o aprendiz irá se movimentar, interagir com o desconhecido, ou novas situações, para se apropriar do conhecimento específico. Para que isto ocorra, criamos um ambiente de curiosidade, interesse e troca de experiências, onde os alunos passam a articular novas informações com o conhecimento que já possuem, produzindo novos conhecimentos, adquirindo autonomia.
No primeiro momento, perguntamos a turma se sabiam o que era pesquisa, para após levantarmos, preliminarmente, suas certezas provisórias e dúvidas temporárias.
Após reunimos as crianças por grupos de afinidades (de temas, perguntas, curiosidades). Para nós, não era tão importante o resultado, mas sim o caminho, por isso, não era obrigatório que eles tivessem respostas para suas questões. Procurei orientá-los para que, durante o desenvolvimento do projeto, não utilizassem perguntas pontuais, ou seja, buscamos perguntas que estimulassem o pensamento, a reflexão e que também provocassem.
Os interesses geraram assuntos, de acordo com os assuntos, formaram-se os grupos. Os assuntos se transformaram em perguntas: principal e secundárias; após o planejamento, definido pelas questões: O que é? Por quê? Para que serve? Como?
A dificuldade por mim encontrada, foi o tempo. Precisávamos de mais horas para desenvolver este planejamento.
Os temas ficaram então, assim definidos:
X-Men ( O que é mutação? Como acontece?)
Computadores (Como são as peças? Como surgiu o 1º computador? Como era? Como criar historias em quadrinhos? Como funciona a Internet?)
Binóculos (Quem criou? Para que serve? Como funciona? Quem utiliza e por quê?)
Liga da Justiça ( Quais são os poderes do Batmam e do Lanterna Verde?)
No desenvolvimento da pesquisa conversamos um pouco a respeito do portfólio, pois notamos ao ler, que muitos não faziam uma reflexão do dia, mas apenas algumas frases: "A aula foi boa".
Procuramos explicar que os registros precisam conter uma justificativa, se gostou, por quê? Se não foi interessante em algum momento explicar; se descobrir alguma coisa relatar.
Os alunos estavam ansiosos para iniciarem suas pesquisas.
Trouxemos materiais para os grupos iniciarem suas pesquisas, mas antes, retomamos a questão: O que é pesquisa? Como se faz?
Solicitamos que analisassem o material e retirassem dali as informações necessárias ao seu trabalho. É necessário fazer uma análise e avaliação das anotações, para eliminarem as repetições.
Algumas meninas não conheciam gibi, isto chamou minha atenção, pois tanto na CAP, como na biblioteca da escola de origem têm gibis. Isto me levou a pensar sobre o trabalho desenvolvido nas escolas, sobre minha própria prática docente. Em que momento e como está sendo utilizada a biblioteca escolar?
Torna-se cada vez mais necessário despertar o interesse dos alunos pelos livros da biblioteca, sejam referentes às pesquisas ou de literatura infantil.
O gibi, uma pequena história ou revista em quadrinhos, são considerados veículos extremamente atraentes para as crianças, sua utilização em sala de aula é bastante oportuna. Além de exercitar a criatividade, constrói o hábito da leitura, pois com essa prática, a criança está realizando a leitura de imagens, tão importante quanto a leitura de frases e textos.
No decorrer do trabalho, procuramos dar mais atenção a cada grupo, analisando suas escritas. Aos poucos procuram responder as suas dúvidas. Conversam sobre o que já pesquisaram e o que estava difícil de ser encontrado nos materiais que continham.
Notei que o maior interesse da turma é ir logo para o Laboratório de Informática, para produzirem suas histórias. Nesta parte do estágio, que se refere à pesquisa, percebo que os alunos demonstram interesse mas não tanto quanto a perspectiva de usar os computadores. Talvez porque as atividades realizadas na CAP, em sua maioria são jogos e recreação. Parece, às vezes, que estudar, pesquisar, faz parte da escola, do turno que estão em aula.
Mesmo assim, estou contente em realizar este estágio com este grupo de crianças, pois aprendo a cada dia o quanto é importante o compartilhar de idéias, a troca de experiências ali vivenciadas.
Acredito que a idéia de aprendizagem cooperativa, proporcionada pelos projetos de pesquisa, supera a simples aglutinação de trabalhos individuais, limitação presente quando não existe clareza sobre o trabalho em conjunto.
Observando as crianças pesquisarem, lembrei-me de uma fala da professora Liane, no semestre passado, quando conversávamos sobre paradigmas; "A Internet precisa de pessoas que saibam fazer perguntas".
Também compartilho deste pensamento, e é justamente por isso que acredito nos projetos de pesquisa, pois assim as crianças irão aprender (ou lembrar) como fazer perguntas, pesquisar na Internet, sem copiar páginas inteiras que não tenham relação com suas dúvidas. É uma pena que no Laboratório do nosso município não tenha acesso a Internet, mas com certeza, em um futuro próximo, essas crianças terão a oportunidade de navegar.
A escola conectada, interligada, integrada, articulada com o conjunto da rede, passa a ser mais um elemento deste processo coletivo de produção de conhecimento. Estas navegações, portanto, são praticamente sem limites. E este estágio, terá então uma relevância muito importante, pois não é só na escola que podemos produzir conhecimentos.
Precisamos compreender mais de que forma esta geração (e os alunos da CAP, não na sua totalidade, pois a maior parte é de baixo poder aquisitivo) convive simultaneamente com os games, televisões, esportes radicais, Internet, tudo simultaneamente, de forma múltipla e fragmentada ao mesmo tempo. Esta geração já se relaciona com os novos tipos de mídia de forma diversa e existe em gestação um novo processo de conhecimento, ainda desconhecido pela escola. Nós professores, não podemos ficar alheios a tudo isto. Como diz a professora Anilda "precisamos compreender e dar conta" ou ao menos tentar, desta complexidade, para que tenhamos um sistema educacional compatível com o momento histórico.
No início das atividades no laboratório, apresentamos a máquina, pois alguns alunos não conheciam computadores, outros conheceram através das pesquisas e a maioria já havia participado de aulas com o professor Delmar, com as escolas de origem.
Deixamos que explorassem os recursos oferecidos livremente.
É oportuno esclarecer aqui que no momento de utilizarem os computadores, os alunos foram deslocados de ônibus da CAP, para a E.M.E.F. Estado de Santa Catarina, a única no município de Imbé que possui laboratório de informática que atende todos os alunos da rede municipal. Este deslocamento preocupava-nos um pouco, pois os problemas com os ônibus eram vários. Mas transcorreu tudo bem.
Como são nove computadores, os grupos foram divididos em duplas, para que melhor desenvolvessem o trabalho.
No segundo momento, apresentamos o programa HagáQuê. Os alunos ficaram tão empolgados, analisaram todo o banco de dados, as figuras disponíveis. O encantamento era visível.
Isto me fez refletir, rever que a introdução pura e simples das tecnologias não é garantia de transformação. Esta introdução é, portanto, uma condição necessária mas não suficiente. Introduzir estas tecnologias exige compreender de forma mais ampla a necessidade de fortalecer os nós. Estabelecendo uma rede de conexões. É preciso definir os objetivos do trabalho com a informática na escola, pois o uso adequado dos computadores traz possibilidades de um novo paradigma educacional, além de contribuir para o desenvolvimento da pesquisa, para reflexão crítica e facilitar a aprendizagem.
Segundo Freire (1995) "a educação não se reduz à técnica, mas não se faz educação sem ela". Utilizar computadores na educação, "em lugar de reduzir pode expandir a capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Depende de quem usa, a favor de que e de quem e para quê". O homem concreto deve se instrumentar com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar "pela causa de sua humanização e de sua libertação."
Neste dia, consegui estar mais próxima dos alunos, e eles conseguiram procurar ajuda em mim e em outros colegas. O processo de ensino-aprendizagem ganhou assim, um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.
Para iniciar o processo de compreensão do HagáQuê, explicamos aos alunos como criar histórias em quadrinhos e como relacioná-las a sua pesquisa. No primeiro momento não foi fácil, pois nunca haviam trabalhado com esta proposta. Na verdade, nem nós. Estávamos descobrindo com eles, novos recursos, novas possibilidades.
Sabemos que brincar faz parte do processo de desenvolvimento da criança. Brincando ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando a criança aprende.
A importância das histórias em quadrinhos é fundamental para o aprendizado dos nossos alunos. Ao ler e criar as histórias devemos prestar atenção em cada detalhe: cenários, roupas, épocas e costumes.
Nesta tarde, não percebemos as horas passarem, quando vimos o ônibus já estava buscando os alunos. O prazer deles me inspira. Isso é muito bom.
Essa ferramenta maravilhosa nos leva a crer na possibilidade de que ela provoque os já mencionados desequilíbrios, pois se é por meio da busca da equilibração que a criança se motiva intrinsecamente e permanece ativa ao meio e com o objeto, talvez aí esteja a justificativa de encontrarmos crianças manuseando atentamente os computadores por um tempo longo.
Desde a aula anterior, e principalmente agora, as trocas entre os alunos foram muitas. A busca por personagens diferentes, hipóteses de cenário evidenciadas nas falas: "Quero igual ao do meu colega, onde acho?", são de uma riqueza extraordinária!
A princípio fiquei um pouco preocupada, achando que para as crianças seria difícil utilizar este programa - HagáQuê – pela vasta variedade de possibilidades, mas fui surpreendida pela facilidade com que o utilizaram e buscaram imagens. As crianças absorveram os recursos tecnológicos sem barreiras e manifestaram prazer em tudo o que fizeram. Rever os conceitos na forma de ensinar, tanto pela escola quanto pela comunidade que a constitui, significa ampliar a visão sobre aprender.
Neste estágio, utilizando esta forma de trabalho, me surpreendi muito com a quantidade de informação que os alunos trazem, mesmo sobre conteúdos e tecnologias que não haviam sido tratados no currículo da escola!
Percebi, mais do que nunca, como é importante a criança ter autonomia, para criar suas histórias, eles assim vão longe.
Neste laboratório, os alunos e nós (estagiárias), sujeitos da própria ação, participamos ativamente de um processo contínuo de colaboração, motivação, investigação, reflexão, desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, de descoberta e de reinvenção.
Quando nossa supervisora de estágio, professora Anilda, foi observar nossa aula, nos indicou caminhos e sugestões para finalizarmos este trabalho. A professora transmitiu-nos tranqüilidade e amorosidade. Sabemos que "o outro ao olhar-nos, põe-nos em questão", tanto o que nós somos como todas essas imagens que construímos... Percebo que nossa supervisora de estágio consegue abarcar através de sua sensibilidade e compreensão, os sinais que damos através do olhar, dos gestos, das palavras e perguntas, e que são reveladores do significado de nossas dificuldades e limitações. Ao mesmo tempo, ajuda-nos a perceber nossas potencialidades de avanço, para alcançarmos o que não sabemos ou dominamos. Instiga-nos a deixar fluir nossos sentimentos, gostos, criatividade, bem como, a expressar sem medo nossos feitos, avanços e projetos.
Quanto mais as histórias dos alunos se desenvolvem, mais atenções necessitam e conseqüentemente, mais tempo passamos com cada dupla.
Iniciamos o trabalho com dezesseis alunos na CAP, mas no laboratório de informática só compareceram 12, pois o restante estava na escola de origem com oficinas pedagógicas neste período. Foi uma pena que isto tenha acontecido, mas com certeza terão oportunidade de realizar este trabalho, pois o professor Delmar, responsável pelo laboratório, gostou do nosso projeto, e irá dar continuidade com esta turma e com outras que venha a trabalhar.
Ao finalizar as histórias em quadrinhos, tivemos a visita da Secretária Municipal de Educação, professora Ivaner.
Ela observou o trabalho dos alunos e ficou muito satisfeita com o que viu, principalmente porque muitas das professoras do município estão cursando Pedagogia na FACOS, isto quer dizer que a qualidade do ensino em Imbé só tende a melhorar, visto o que é oferecido pelo referido curso.
Ao mesmo tempo, observou também, que muitos alunos apresentam dificuldades na seqüência da história, o que mostra-nos que este tipo de criação não é estimulado nas escolas.
Para que isto ocorra, o professor tem que ter uma atitude de abertura ao diálogo e de parceria com o aluno.
Procuramos, neste ambiente, ser o mediador da aprendizagem, atuando na zona de desenvolvimento proximal estudada por Vygotsky. Ou seja, o professor precisa compreender o problema do aluno e entender a sua dificuldade momentânea para intervir no processo.
Observamos que os alunos utilizam vários tipos de balões, apesar de já termos explicado a finalidade de cada um: fala, pensamento, grito, cochicho, amor, sonho e uníssono. Tudo foi socializado com os colegas nas discussões após a aula e antes de realizarem a reflexão no portfólio.
Nas etapas desenvolvidas na confecção das histórias em quadrinhos, a base de qualquer tira é a idéia. O desafio é passá-la para o desenho, distribuindo a informação no espaço necessário. Esta foi uma das maiores dificuldades para alguns alunos. Para outros, a dificuldade encontrada foi a de construir a história baseada nos personagens criados e nos temas da pesquisa.
É importante ressaltar que a cada dia, a autonomia dos alunos avançou; à medida que eles foram criando e finalizando suas histórias em quadrinhos, trabalharam mais confiantes e isso tornou o nosso ambiente de aprendizagem muito rico. Em cada fala, encontrávamos mais ânimo de seguir em frente! Descobri que, os sujeitos, a partir do momento em que são conhecedores, são autônomos em seus procedimentos pelo seu saber. Então, confirmo que a autonomia se dá através do conhecimento; somente sabendo o ser é autônomo.
Os projetos de pesquisa que os alunos desenvolveram associado ao trabalho com o HagáQuê, propuseram uma visão diferenciada sobre o processo de aprendizagem e de ensino, pois propicia subsídios para procedimentos autônomos, desafia o educando a criar oportunidades de vivenciar a sua aprendizagem e a acreditar naquilo que faz, conferindo sentido à sua ação.
Ao término dos trabalhos no Laboratório, os alunos terminaram as histórias em quadrinhos, colocaram seus dados e definiram o título do trabalho que irá na capa do material.
As histórias serão impressas e encadernadas. Uma cópia ficará a disposição dos alunos no CAP e outra constará do nosso relatório de estágio. A professora Anilda também fará a publicação na Internet.
Isto deixou a turma empolgadíssima. Imaginem, o mundo todo tendo acesso às histórias produzidas por alunos do município de Imbé!
Acreditamos que com este projeto, abrimos portas de trabalho inesgotáveis, pois se os professores derem continuidade, muito poderá ainda ser desenvolvido. Infelizmente não dispomos de tempo para isto, pois estamos finalizando o nosso estágio.
No restante da aula, os alunos digitaram seus portfólios, para anexarmos às histórias.
Como o tempo ficou escasso, combinamos que a socialização das histórias será realizada na CAP, assim que o material estiver impresso, pois o ônibus não poderá trazê-los para o laboratório na próxima semana.
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