10 agosto, 2006

Blog como ferramenta pedagógica



Anilda Machado de Souza
Paula Fogaça Marques
X Fórum Internacional de Educação
O desafio de ser professor na contemporaneidade



O mundo vive um momento de transição em todos os sentidos. Vivemos a insegurança de não saber exatamente onde estamos, mas mesmo divididos e fragmentados estamos fazendo o caminho.
A escola ainda é o lugar onde os jovens passam a maior parte do tempo de suas vidas. É o lugar privilegiado de acesso ao conhecimento, à informação, às atividades culturais, às trocas, aos processos participativos. Mas é na escola que percebemos uma distância entre mundo juvenil e o mundo do adulto, mundo do professor. Jovens vivem tipos de relações diferentes enquanto o adulto ainda privilegia a cultura da imposição, pouco diálogo, verdade absoluta.
Muitas escolas com sua marca tradicional perpetuam a transmissão do conhecimento enquanto as exigências do mundo atual estão pautadas pela velocidade da informação, da imagem, das redes. Estas questões supõe mudança de paradigma na escola. De um paradigma centrado no conhecimento disciplinar, fragmentado, especializado e controlador para um paradigma que privilegia o diálogo do conhecimento com outras formas de conhecimentos, assumindo o cotidiano das pessoas como um melhor caminho para viver.
Nas práticas pedagógicas, na formação dos professores se revive essa mesma crise. Apoiados pelo diálogo, busca-se agregar formas de agir e refletir sobre esta questão com a intenção de criar novas alternativas de ação, se possível, oriundas do coletivo.
Como inserir-se nesse novo paradigma? Sociedade do conhecimento? Cultura juvenil? Redes?
Vivemos na era da sociedade do conhecimento, traduzida por redes, sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, em conectividade, intercâmbio, consultas entre instituições e pessoas, articulação, contato e vínculos. Apoiada pela tecnologia, rompe com a idéia de tempo próprio para aprendizagem. Todo o tempo em todo o lugar - o espaço da aprendizagem é aqui - em qualquer lugar - o tempo de aprender é sempre. Essa noção de distância/tempo entre as pessoas passou a ser transformada com o surgimento da Internet .
A cultura juvenil absorve a comunidade traduzida pelas redes de informação, conhecimento. Os jovens vêem na rede a possibilidade de formar comunidades virtuais que permitem a troca entre culturas diferentes, falar sobre múltiplos temas em todo o mundo por meio de sala de bate-papo, troca de e-mail, blog, flog... Estabelecem relações e identidades que se constituem pela troca, negociação, aproximação atravessando distâncias geográficas reais, étnicas.Buscam identificação “tribais” via música, jogos, esporte... caracterizadas por agregações juvenis. Participam numa rede de informações, de representações e de conexões das quais fazem parte múltiplos usuários, com múltiplas funções, nas quais os papéis são compartilhados, divididos e redistribuídos. Partilham na rede local de busca, de encontro entre pessoas, de trocas... também, um local de produção e socialização de conhecimento.
Este jovem que está na escola convive desde criança com televisão e não imagina um universo sem televisão, computador, Internet, sala de bate-papo, sites, blogs, celulares, mesmo que não tenha acesso diretamente.
Ao mesmo tempo que navega em site, trocam e-mail, assistem TV, ouvem música, comentam o que assistem, trocam de "canais" com muita velocidade. O domínio dessa nova linguagem requer a identificação com algum lugar, alguma crença, alguma tribo.
Essa necessidade de pertencimento, surgimento de uma nova cultura jovem, tem provocado mudança de comportamento. Ao invés de sair para rua, cinema, parque, assistir TV, o jovem se conecta a um computador, a um celular para conversar com outros jovens da escola, bairro, cidade, estado, país, mundo, para além do território. Criam identidades a partir de uma comunhão de gostos, apreciações, estilos. São identificados por meio do “Zappear” “teclar” “navegar”. Buscam na rede espaço de lazer e não espaço de obrigação, estudo, trabalho - estão todos à vontade e por sua vontade, por escolha própria. Procuram na palavra escrita, fala, imagens fixas e em movimento, a música, os sons variados um sentido, uma resposta ao desejo de aprender desfrutando de autonomia por meio do lazer.
Neste cenário qual o compromisso do professor?
No ofício de professor certamente algumas mudanças se impõe e, talvez, pelas "urgências" o professor aprende. Para aprender a fazer algo é necessário vivenciar o processo, começar. Inicia-se por uma mobilização orientada por situações que produzam sentido e respondam a um desejo de saber. Portanto, para aprender, adquirir saber, é necessário engajar-se numa atividade intelectual. Essa fragilidade no ato pedagógico gera possibilidades de mudanças, aprendizagens que se constituem sentido para a vida profissional.
Cabe ao professor aprender essa nova linguagem permeada pela cooperação e compartilhamento que se traduz em relações de construção, reconstrução, negociação, interatividade. Utilizar-se desta cultura da tecnologia que aponta para uma escola centrada nas aprendizagens.Compreender que as TIC estão a seu serviço para auxiliar na criação de situações de aprendizagens ricas, complexas, diversificadas... para auxiliar o jovem na sua identificação e sentido de suas vidas, pois "aprender é mudar, formar-se é mudar. Não se pode aprender sem mudar pessoalmente, porque se estou aprendendo coisas que têm sentido, vou mudar minha visão do mundo, minha visão da vida." (Charlot, 2005, p.77)
Por que utilizar o blog como ferramenta pedagógica?
“O que é preciso para começar a ver o que não se via? É preciso muita curiosidade, é preciso uma sensação de que não aprendeu tudo, que é possível poder continuar aprendendo, é preciso uma certa atitude de respeito para com as crianças, os jovens, os sujeitos que aprendem”.(Ferreiro, 199, p.122)
Entre as diferentes formas de comunicação entre os jovens o blog ou "diários virtuais" assumem o espaço de socialização de idéias, imaginação, instataneidade da escrita, velocidade na comunicação, visibilidade, autoria, compartilhamento, intertextualidade.
Constatando que o uso freqüente da internet já faz parte do cotidiano de muitos, o Blog Educativo surge para possibilitar a troca de experiências, interação entre os usuários, surge como ferramenta de comunicação e incentiva o uso da escrita.(Marcuschi e Xavier, 2004.)
Os alunos em geral gostam muito de publicar o próprio trabalho e as próprias idéias na Internet. Por isso o Blog como ferramanta pedagógica, tanto para o professor como para o aluno, passa a ser atrativa no contexto sala-de-aula. Quem faz uma publicação desenvolve a prática da escrita, partilha experiências, expõe formas de pensar, convive com diferentes linguagens... Fazendo blogs estabelecemos ótimas estratégias que se constitui em autoria. A palavra dada a quem escreve, professor ou aluno, considerando o contexto pedagógico, possibilita o desenvolvimento da autonomia, criatividade, reflexão, conexão com o mundo.Utilizá-lo como ferramenta pedagógica na sala de aula é uma forma de desafiar os alunos a criação, produção e exposição de idéias. É acreditar na possibilidade de criar uma comunidade virtual, contextualizar a aprendizagem, aproximar a proposta de ensino desenvolvida em uma sala de aula a outras comunidades de aprendizagem.
O Blog possibilita ainda a visão transdiciplinar de determinado conhecimento postado. É uma ferramenta aberta as interrelações entre as mais diversas áreas do conhecimento.
“Tem alguém aí que quer conversar comigo...”
http://blogakii.blogspot.com
http://oficiodeprofessor.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
CHARLOT, Bernard. Relação com o saber, formação dos professores e globalização: questões para educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FERREIRO, Emília. Cultura escrita e educação: conversas de Emilia Ferreiro com José Antonio Castorina, Daniel Goldin e Rosa María Torres. Porto Alegre: ARTMED Editora, 2001.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
GARBIN, Elizabete Maria. Cultur@s juvenis, identid@des e Internet: questões atuais. Disponível em http://www.anped.org.br/rbe23/anped-23-art08.pdf. Acesso em 20 fev.2006.
MARCUSCHI, Luiz Antônio e XAVIER, Antônio Carlos. Hipertexto e Gêneros Digitais. Rio de Janeiro: Lucerna Editora, 2004.

09 agosto, 2006

Lembranças




Boas lembranças, lugar de aconchego, cheiro de infância e convivência em família

08 agosto, 2006

Beija-flor




Beija-flor no sítio da minha mãe... enquanto tomamos chimarrão eles brincam de beijar...